quarta-feira, 25 de março de 2009

Considerações Finais

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A maior parte da obra de Boltanski não é sobre o espetáculo da morte, mas sim sobre relíquias e traços de vidas vividas. A fotografia é um tipo de natureza morta, uma vida congelada. Para o artista o importante não é criar uma peça de arte grandiosa, mas sim a obra ser ativa onde está, utillizando-se das pessoas, sem a idéia de ser uma obra de arte imortal.

Boltanski se preocupa com rastros de pessoas desconhecidas (sejam documentos, roupas, fotos), a fim de arrancá-las do anonimato das estatísticas e lhes devolver uma individualidade digna. Um dos questionamentos em sua obra é não ver na multidão uma massa, mas sim um indivíduo único. Neste sentido, ele busca arquivar, a fim de não esquecer.

O que nos chamou a atenção é o modo como o artista organiza os objetos e imagens, e demonstra uma ficção que se junta à realidade e se confunde com ela. Remete também como uma construção de sentidos e de histórias com seres imaginários, que se sustentam a partir de um jogo associativo de leitura, dando uma nova vida aos objetos e imagens.

E finalizando (ufa), essa primeira etapa do trabalho, segue o conceito para a criação das animações. Nós sabemos da dificuldade em utilizar da técnica do Stop-Motion, mas iremos iniciar o desafio nos próximo dias.

CONCEITO DE CRIAÇÃO DAS PEÇAS

Animação para web:
Baseando-se no conceito de vidas vividas, iremos utilizar a técnica de pixilation (stop-motion com pessoas), retratando suas vidas e posteriormente suas mortes, através de imagens sequenciais. No final do processo de vida de cada pessoa, suas faces serão enquadradas tornando-as parte do conjunto final de uma obra.

Animação para celular: Igualmente baseando-se no conceito de vidas vividas, iremos utilizar objetos do cotidiano sem saber exatamente qual sua utilidade, conferindo-lhes vida através de imagens associativas.

Por Renata L T Deformes

Projeto Teórico (parte IV)

SIGNOS UTILIZADOS NA MAIORIA DE SUAS OBRAS

5.1 - Fios - Os fios simbolizam conexão e a maneira de como todos nós estamos interligados uns aos outros, independente de nossas características. O artista utiliza luzes, porque quer colocar pessoas anônimas da sociedade num pedestal, para manter sua memória.

5.2 Retratos desfocados - O “desfoque” serve para representar o esquecimento e saudade das pessoas. Boltanski diz que existe uma "área" na mente de todos, na qual existem coisas e pessoas esquecidas, e é exatamente nessa "área" que ele quer trabalhar. Como marca registrada, ele procura refletir sobre a condição mortal do homem a partir da arte. A sua obra mostra o rosto obssessivamente. Boltanski acredita que o espírito é revelado através da face. Seu trabalho é todo sobre pessoas, atuando como um memorial para cada um dos diferentes rostos expostos.

5.3 Religião e morte - Apesar de não ser religioso, ele utiliza a religião como um veículo para se expressar. Boltasnki acredita que se sua obra pode ser considerada cristã, é porque acredita que todos são diferentes - uma observação igualmente judia. Embora todos pareçam iguais, todos são únicos. Ele crê que mortes devem ser contadas unitariamente. O cristianismo lhe parece colocar ênfase no indivíduo de um jeito muito especial.

Boltanski diz que falar da morte como um dos grandes temas da vida é confrontrar sua própria morte. Estando morto não há como morrer.  O artista olha a morte com voyerismo, e afirma que todos fazem isso. O expectador se torna um voyer, e ao mesmo tempo fica envergonhado com sua atitude; há uma fascinação, um tipo específico de prazer nisso. De um certo jeito quando olhamos uma imagem violenta ou mórbida nos tornamos os criminosos.

5.4 - Velas - A funcionalidade da vela em sua obra lembra a atmosfera de uma Igreja católica, mas é igualmente invocativa para a memória do menorah e as luzes cintilantes do Hanukkah.

5-5 - Latinhas de Biscoito - Boltanski sempre tenta se utilizar de formas que as pessoas possam reconhecer, ele utiliza as latinhas pois são objetos minimalistas, mas também porque sabe que as pessoas de sua geração podem reconhece-las. Todos guardavam seus pequenos tesouros em latinhas de biscoito. Também remete para algumas pessoas, as urnas de metal, aonde cinzas são guardadas. Sua intenção é que sua arte seja mais sobre redescobrimento do que descobrimento.

Por Renata L T Deformes

Projeto Teórico (parte III)

O DIFERENCIAL NA OBRA DE BOLTANSKI

Segundo Boltanski, que se classifica como sendo um pintor, pintar significa falar com coisas visuais, a questão sobre o tempo é importante, quando você assiste um trecho de um vídeo você pode ficar dois minutos ou duas horas e você pode se mover enquanto isso, um filme tem começo, meio e fim. Quando você olha um filme por outro lado, você senta e assiste do começo ao fim. Em novelas, filmes e músicas, há sempre essa questão do tempo, quando você olha uma imagem estática não há esta progressão (entre comeco, meio e fim).

A instalação do seu trabalho é muitas vezes teatral, no qual a obra atua sobre si mesma, como um evento na qual você se move no tempo, este é seu jeito de criar um senso de suspense e drama familiar ao efeito do cinema enquanto usa uma imagem estática. Quando cria uma imagem, sempre faz o expectador ficar atento de que há um começo e um fim. Por um longo período houveram performances artísticas aonde as pessoas paravam e simplesmente observavam a obra, mas nos últimos dez anos o expectador se tornou uma espécie de ator. Por exemplo, em sua obra The Ordinary Days (1996) havia um pequeno corredor escuro que em seu final havia uma luz muito branca, quase cegante; O corpo do expectador, dessa maneira, ficou portanto envolvido no ato de olhar: olhar para algo se tornou parte do trabalho.

Há algo em seu trabalho em relação ao poder, de ver um grupo de trabalhos acumulados e seu efeito que se torna indispensável - a obra se altera completamente. Também, em razão da iluminação e da teatralidade seu trabalho se torna quase religioso e leva a comparar aquele tipo de espaço como um espaço de devoção.

Boltanski expõe que mesmo não sendo religioso, que nossa primeira relação que temos com a arte é quando vamos a igreja pela primeira vez. Não porque há pinturas lá, mas por causa da presença do padre, de quem as palavras e ações por algum tipo de abstração nos dizem algo de muito importante; você está numa ordem simbólica e no reino do misterioso. O mesmo acontece na pintura.

Boltanski utiliza objetos em suas obras que sabemos que foram usados para algo, mas não sabemos exatamente para que - mostrando assim sua estranheza. Tem a ver com tipo de mitologia individual. Os objetos que ele mostra vêem de sua própria mitologia; a maioria dessas coisas está morta e é impossível de entender. Podem ser coisas insignificantes, ou simples, ou frágeis. Mas pessoas olhando para elas, podem imaginar que um dia foram úteis para algo.

Sua intenção ao usar objetos é de invocar vidas que foram perdidas, e agora se foram. Eles simbolizam a morte de alguém. Parte do seu trabalho tem a ver com a memória recente. A memória ativa é guardada em livros, enquanto a memória recente é sobre as coisas triviais: curiosidades, piadas. Parte de seu trabalho então, tem sido sobre tentar preservar a memória recente, porque quando alguém morre, está memória desaparece. No entanto, essa memória recente é a que faz as pessoas diferentes umas das outras, únicas. Essas memórias são muito frágeis; sua intenção é aparentemente salvá-las.

Projeto Teórico (parte II)

O ARTISTA: CHRISTIAN BOLTANSKI

Christian Boltanski nasceu em 1944, na Paris ocupada pelos nazistas, e iniciou sua carreira como pintor num momento em que a arte se abria para um vasto universo de experimentações. Ao final dos anos 60, abandonou o trabalho com a pintura para se dedicar a obras mais complexas que incluem vídeo, fotografia, livros, cartas e instalações.

Ao misturar ficção com a arte de documentar fatos, o artista cria um “valor associativo” para suas obras. Em suas instalações ele realiza um grande painel de retratos e justapõe imagens e objetos do cotidiano (principalmente roupas) que pertenceram a alguém. A intenção é colecionar seres e objetos do mundo dando novos significados e conferindo-os uma nova identidade.

“(Díriamos que a fotografia sempre traz consigo seu referente, ambos atingidos pela mesma imobilidade amorosa ou fúnebre, no âmago do mundo em movimento: estão colados um ao outro, membro por membro, como condenado acorrentado a um cadáver em certos suplícios (...)". (BARTHES, Roland, 1984 – pag. 15).

Boltanski quer transmitir a mensagem de que todos nós um dia iremos cair na vala do esquecimento, da saudade, e morrer... E que na mente de todos também há pessoas na qual esquecemos com o tempo ou que lembramos, mas com uma visão distorcida, como um sonho, ou como a sensação de saudade.

Por Nicole Nadine

Impressões e Projeto Teórico (parte I)

Como a Kátia comentou, foi realmente uma etapa difícil. A questão de conciliar o tempo de todas as integrantes do grupo, de alinhamento, encontros, definição de conceitos, e principalmente, encontrar referência bibliográfica em português. Não há material traduzido sobre ele, apenas alguns artigos na internet. Felizmente conseguimos acesso há um livro maravilhoso "London: Phaidon Press Ltda, 1997 Christian Boltanski", que nos fez ficar mais encantadas com obra de Boltanski.


INTRODUÇÃO

“Numa guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete, outro que é gay, outro que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas memórias..." (BOLTANSKI, 2001 - online).

O projeto Interdisciplinar baseia-se nas instalações de Christian Boltanski (1944). Desde os anos 60, o artista que se caracteriza como pintor, aborda questões relacionadas à sua vida pessoal (que muitas vezes é reinventada e construída de maneira ficcional), além de questões como a memória, a identidade, a ausência, a cultura do esquecimento, a perda e a morte. Ele questiona que se vamos todos morrer, então, porque tantas guerras (remetendo-se às vitimas do Holocausto ou as identidades anônimas mortas, através dos retratos utilizados em suas obras). Ele se utiliza da negatividade e da religião como veículo para chamar a atenção sobre interessantes questionamentos, e sobre certas crenças, que nos permitem investigar como pensar o presente momento, e a questão de que cada ser é único e individual.

No ano de 1960, surge um grupo de artistas que promovem a primeira exposição sobre o que foi caracterizado como Novo Realismo. Com esse movimento, o sentimento era de conectar o mundo da arte ao mundo real, baseando-se na introdução dos elementos reais nos trabalhos de arte. Ainda que Boltanski não pertença a esse grupo oficialmente, sua obra aborda a questão do lugar dos objetos do cotidiano em suas obras, e a maneira como são ordenados e apresentadas aos olhos do expectador.

Boltanski põe em evidência a construção da nossa experiência à medida que constrói histórias, abrindo um imaginário que varia de acordo com cada interpretação, permitindo que haja um contato físico com o que irão ver. Baseado nessa questão, e visando compreender o momento em que viveu, iremos estudar sua época, e as técnicas que ele utiliza para substituir sua própria experiência através do valor significativo dado à essa nova existência.

Ao desenvolver o projeto vamos estudar sobre a questão de memória trabalhada por Boltanski segundo seu livro (London: Phaidon Press Ltda 1997 - Christian Boltanski), e considerando as informações selecionadas e justapostas utilizadas nas instalações, além da importância da relação arte/vida.


JUSTIFICATIVA

Segundo Ronaldo Entler, quando falamos em memória, não estamos falando de informações que são guardadas intactas, mas fragmentos ou lembranças que são armazenados e recuperados em forma de memória. Nossa capacidade de armazenamento guarda uma memória recente ou ativa, e as mais antigas vão sendo sobrepostas ou vão sendo formadas no que podemos chamar de novas memórias ou mentiras verdadeiras.

Boltanski percebe esse “espaço” e tira proveito daquilo que falta. “Seus trabalhos permitem uma redefinição da noção de realismo: assumem a precariedade da ligação construída com o real, sem negá-la. Convidam a pensar sobre o modo como nosso desejo é especialmente fisgado, não apesar do pouco que a imagem nos oferece, mas exatamente porque ela não oferece tudo. (ENTLER, Ronaldo. on-line).

Christian Boltanski trabalha com o anonimato fotográfico, ele coleta álbuns de família, retratos 3x4 e arquivos que remetem à fotografia. Ele reúne documentos sobre sua suposta morte, retratando um acontecimento que não aconteceu. Ele utiliza desse suporte, de trabalhar com o repertório anônimo, que funcionou no passado como a memória afetiva de alguém. Suas obras misturam memória e imagens, além de apagar as diferenças entre as pessoas (não há como saber se o indivíduo era a vítima ou o herói), ele é um contador de histórias, e se denomina um palhaço ambulante.

“Eu sou um pintor extremamente tradicional. Eu trabalho para proporcionar emoções aos espectadores, como todos os artistas. Eu trabalho para fazer rir ou chorar o mundo...". (BOLTANSKI, 2001 - online).

O principal foco do trabalho é a produção de memória e a cultura do esquecimento, que segundo o próprio Boltanski, se apropria do arquivo alheio e faz uma espécie de intervenção. Com base nesse conceito, iremos elaborar duas animações, que tomam como referência as experimentações e a originalidade que essa abordagem artística nos proporciona através dessas pistas e questionamentos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOLTANSKI, Christian. Christian Boltanski. London: Phaidon. Press Limited, 1997.

BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

BOLTANSKI, Christian. Artcyclopedia. Disponível em: http://www.artcyclopedia.com/artists/boltanski_christian.html. Acesso em: 18/03/2009.

BOLTANSKI, Christian. Boltanski Website. Disponível em: http://www.christianboltanski.net. Acesso em: 01/03/2009.

SCHRAENEN, Guy. Christian Boltanski: a memória do esquecimento. Disponível em: http://www.serralves.pt/gca/index.php?id=441. Acesso em: 01/03/2009.

CULTURAL, Itaú. Novo Realismo. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=362. Acesso em: 18/03/2009.

ENTLER, Ronaldo. Entre a memória e o esquecimento: realismo na fotografia contemporânea. http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R1089-1.pdf. Disponível em: 18/03/2009.

BOPPRÉ, Fernando C. A natureza segunda da morte. Disponível em: http://www.centopeia.net/download/natureza_segunda_da_morte.pdf. Acesso em 10/03/2009.

Por Renata L T Deformes

Recorte

Boa tarde, tivemos alguns descontroles em nosso grupo, mas agora tudo está se ajeitando.
Nosso recorte é baseado na memória, esquecimento, morte e da questão abordada por Boltanski em diversas entrevistas com o fotógrafo "qual é a nossa importância na sociedade?"
"Um soldado morre na guerra para salvar a pátria, porém cai na vala do esquecimento"
Todos nós temos uma história que , queira ou não, um dia cairá também na vala do esquecimento. É com isso com Boltanski trabalha, e é isso que iremos dar foco em nosso trabalho.

Vamos tirar fotos com técnicas utilizadas por ele nesta próxima quarta-feira.


Por: Kátia Akemi Omine - MA2

quinta-feira, 19 de março de 2009

Algumas de suas obras





O blog passou por algumas mudanças de layout. Essas mudanças ocorreram devido ao nosso olhar que também mudou em relação ao artista. A idéia foi transmitir uma sensação de introspecção, reflexão.. um olhar observador, assim como Boltanski espera que façamos ao observar seu trabalho.

Um pensamento de Boltanski que me chamou a atenção: "O que importa é evitar o esquecimento", e que me fez refletir de vivemos num mundo em que a maioria das coisas são efêmeras, poucas são duradouras.

Por Renata L T Deformes

obs: a Natalia Pak não está mais no grupo.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Apresentação e Biografia

Interdisciplinar: Design e Animação
Tema: Design e Mobilidade: Fotografia
Subtema: Christian Boltanski

Christian Boltanski é um dos principais artistas dos anos 1960 e 1970. Boltanski constrói um espaço ficcional que tem como intenção substituir a sua experiência. Utiliza como tema a sua vida pessoal (verdadeira ou reinventada), a memória, a identidade, a ausência, a perda e a morte. Seu trabalho se baseia em construir uma autobiografia imaginária.

Além de fotografias o artista também realizou produções como publicações de livros, catálogos, filmes, retratos. Na qual o artista mostra o seu fascínio pela memória coletiva anônima.

Encontrei esse trecho nesse blog, achei muito interessante.


(No Museu Guggenheim de Bilbau)

As pessoas não estão ali. São retratos
cujos corpos a morte deve ter levado,
a uns durante a guerra que os evoca,
a outros no fim do tempo de cada um,
restando o esquecimento que os envelhece.
Talvez seja a razão de as fotos serem
todas de tamanho igual e Boltanski
as alinhe como campas suspensas da parede.
Os vivos caminham sem ruído, a olhar
em busca de algo que seja luz,
entre lâmpadas votivas como velas,
e nesse recanto de três muros não há luz
senão a de existirem e desnudarem
a ausência que os olhos acentuam.
É um réquiem sem nada a que aspire.
Nem o amor vale ao destino
de se ter nascido como aquela gente.
Nem os beijos que se buscam
ou os corpos que se dão para serem num.
Não há nada que redima.
Um menino diz o meu nome é Peter,
morri no bombardeamento de Aschaffenburg.
Outro é Bulie e chama Roswitha!
e a irmã não responde nem ouve.
Há amor também, desejo, risos, mais crianças.
Tudo no entanto é vão e contrário
do que se mostra, entre as lâmpadas
em vigília e fotos de soldados nazis
como um sinal de morte, misturadas
às de cadáveres de onde se esvai o sangue
e à da mulher violada de cujo rosto,
num cair de pálpebras, nasceu a libertação.
É um deserto este recanto de museu,
uma capela de silêncio há muito encerrada.
Ou que nunca se abriu.
Boltanski chamou-lhe Humans.


fonte:
http://www.studium.iar.unicamp.br/22/03.html?ppal=2.html


Por Renata L T Deformes